quinta-feira, 14 de maio de 2009

O nascimento da Beatriz e da Ester

Depois de muita confusão com internamentos e tratamentos, e porque já estava em trabalho de parto sem o saber, na 6ª feira dia 27/7/2007, por volta das 11h, a médica manda-me para o bloco de partos (as meninas estavam em pélvica) para cesariana depois de saber se havia vagas nas incubadoras, o que acabou por não ser preciso. Já estava a dieta 0 desde a véspera. Vieram uma enfermeira e uma auxiliar preparar-me: raparam-me, puseram-me a algálea (o meu grande receio era que doesse a pôr mas foi só uma impressão e perda da capacidade de controlar o acto de fazer xi-xi), vestiram-me a camisa da maternidade, puseram-me numa maca e ala para o bloco.

Quando cheguei ao bloco, a equipa de enfermeiros apresentou-se e tentaram acalmar-me (estava um bocadão nervosa...), meteram-me aquela toca de rede, ajeitaram os tubos do soro e outros líquidos e mudaram-me para uma maca muito mais estreita. Entretanto, chegam os anestesistas que me perguntam se queria fazer a cesariana com anestesia geral ou com epidural; não fazia ideia! Expliquei-lhes que só tinha 2 exigências: não sentir dor alguma e que a gémea da minha esquerda é a Ester e a da minha direita a Beatriz (escreveram os nomes delas e o meu nas pulseiritas). Bem, o anestesista explicou-me que, em termos de recuperação, com epidural era muito mais rápida e que não havia interferência alguma com os bebés enquanto que a anestesia geral já comporta mais riscos a nível de reacções alérgicas, complicações cardíacas e recuperação mais lenta. Perguntei o que seria melhor para os bebés e ele respondeu-me que seria a epidural e eu decidi que o que era bom para elas seria bom para mim.

De lado, com a ajuda de uma enfermeira, coloquei-me na posição fetal, arqueei as costas e colocaram-me os electrodos paar monitorização. Puseram um spray fresquinho para adormecer a pele, deram-me uma injecção de anestesia local e quando esta fez efeito, preparam tudo para a epidural e enfiar o cateter. Não doeu absolutamente nada. Depois meteram-me em posição de Cristo (de barriga para o ar, pernas juntas e braços abertos) e prepararam-se para os testes necessários para saberem a quantidade de medicação a dar e saber se a epidural começava ou não a fazer efeito. Perguntaram-me várias vezes quanto media e quanto pesava no momento para darem a dose exacta e se me sentia bem. Avisaram-me para me queixar se me sentisse mal, com dor de cabeça ou nauseas. De vez em quando, passavam com um algodão com alcool em várias partes do corpo para verificarem a sensibilidade ao toque e ao frio e pediam-me sempre para descrever o que sentia nos pés e mexer os dedos.
Quando a epidural já estava com o seu efeito pleno, começou a operação: taparam a zona da barriga com uma toalha ao alto por causa da esterilização e amarraram-me os braços para não ter a tentação de tocar ou mexer no que não devia.
Perto da minha cara estava o tubinho do oxigénio para o caso de ser preciso (o que não foi) e toda a parafernália necessária para a monitorização.
Começou o "corte e costura" e a sensação que eu tinha era que estava no dentista: sentia remexer e repuxar como se me estivessem a arrancar um dente mas na barriga A certa altura, ouvi o aspirar de águas e a médica a perguntar-me o nome da 1ª gémea, a da minha esquerda (a Ester) que nasceu às 12h46, com 2,430 kg, já a fazer xi-xi e có-có. Não há palavras que descrevam o que senti nesse minuto... A enfermeira disse-me que a primeira pessoa a ver os bebés era sempre o pediatra mas que ma mostrariam assim que fosse possível. Dois minutos depois nasce a Beatriz com o mesmo peso da irmã,2,430 kg... e volta a sensação indescritível.
Perguntaram-me se me sentia bem e se o pai já tinha chegado à maternidade. Queixei-me de dores de cabeça e deram-me logo um medicamento e o pai viu as bebés depois de mim. Mostraram-me as meninas mais bonitas do mundo e, mais uma vez, nada descreve o que se sente no momento...

Demorou mais a passar o tempo de me arranjarem e suturarem do que toda a preparação para o nascimento. Queria ver o meu marido e as minhas filhotas! A médica disse que me ia preparar uma sutura toda bonitinha, que não se notaria nada. Entretanto, começo a ficar com montes de frio, o que é normal. Saí do bloco, mudaram-me para uma cama e o meu marido e a minha mãe lá estavam, todos babados, à minha espera com as gémeas ao colo. Segui para o quarto, continuei a soro, levei uma injecçãozita de morfina no cateter da epidural e o pior vem agora: quando começa a desaparecer o efeito da anestesia, vêm umas contracções horrorosas e super dolorosas que nem deixam respirar, acompanhadas com uma sensação de absorvação ao contrário... As dores continuam durante um bom bocado e passam ao fim de uma boa noite de sono e de nos babarmos a olhar para os nossos filhotes. Cerca de meia hora depois, puseram as gémeas ao meu peito (nem sabia que iria conseguir dar de mamar). Cerca de 7h depois da cesariana, chegam uma enfermeira e uma auxiliar para nos ajudarem a levantar, sim, leram bem, 7h depois!!! Ia morrendo: como tinha sido internada por causa de uma cólica renal não conseguia ter os movimentos normais restabelecidos e tudo me doía pelo que não me levantei 7h depois mas sim 12h depois, com autorização médica. Dói horrores, sente-se repuxar e arrepanhar tudo por dentro e por fora, parce que nos estão a rasgar ao meio mas depois de estar de pé e dar os primeiros passos, a coisa acalma bastante.

Claro que a recuperação de uma cesariana é sempre muito mais lenta do que a de um parto normal mas já se passaram 9 dias depois do nascimento das gémeas e já consigo mexer-me muito bem. Tenho tido extra cuidado para não rebentar nada por dentro porque não tenho pontos externos (é uma sutura intradermica) e fui para casa dos meus pais com o meu marido paa termos ajuda constante na parte doméstica. De noite, quando é altura de dar de mamar ou mudar fralda às gémeas, o meu marido levanta-se e dá-mas para não ter de me levantar à pressa mas sou eu que as deito. O truque para uma boa e rápida recuperação é andar muito.

Na altura não desejava ter mais filhos, e se me tivessem dado algo para assinar e dizer que era o fim da humanidade. teria assindao... Agora já penso de maneira diferente. Gostava muito de encomendar os 2 meninos mas a viad está difícil... Quando ganhar o euromilhões...

Mara

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